02 novembro 2010
EL GUINCHO
Quem ouviu com alguma insistência o óptimo Alegranza de 2008, ainda deve sentir aquelas samples ensolaradas rodopiando em algum espaço profundo da cabeça. Alegria colorida, embriagada, um produtor de Barcelona perdendo a mão no uso de loops repetitivos - que de alguma maneira não soavam monótonos. E dá-lhe tambores, pratos e guitarras latinas junto aos cânticos desconexos de Pablo Diaz-Reixa.
Desde aquele disco, o homem por trás do projecto El Guincho mostrou-se cheio de boas ideias. Em julho deste ano lançou um EP todo feito por regravações de temas tradicionais de compositores latino-americanos (cubanos na maioria): Piratas de Sudamérica, que mostrou como aqueles velhinhos eram bons. E agora Díaz-Reixa incursa por um caminho menos hipnótico e menos chapado: o álbum Pop Negro, lançado pela Young Turks.
Os vocais ininteligíveis ouvidos em Alegranza deram espaço a versos lineares, cantados num espanhol de acento acessível, quase radiofônico. O timbre de Pablo combina de um jeito preciso com a sonoridade do disco: juvenil, rasgado, parece emergir directo do pulmão. E apesar de Pop Negro soar menos inconsequente que seu antecessor na forma, ainda há transgressão aqui: os arranjos se constroem sobre remendos instrumentais, misto de marimbas, teclados esfumaçados, percussão abafada.
Ouça com atenção a sequência de abertura "Bombay" e "Novias", duas doses de felicidade parassimpática, garantidas pela sonoridade metálica e flutuante das faixas. Materializam uma noite quente sob as estrelas, à beira do mar em Barcelona. O mesmo vale para "FM Tan Sexy", mais sensual, encerrando a trinca das melhores canções do álbum.
Enjoy
xxx PERI
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